top of page

A voz própria de mim

  • 3 de dez. de 2022
  • 1 min de leitura

Atualizado: 11 de jan.

Quisera ser um pássaro, pousado na ponta de um galho altaneiro.

Da haste sobrevivente em meio ao alagado, ver salpicadas minhas lembranças.

Observar, nos flocos de espuma, os múltiplos contornos da minha vida.

A forma exata de mim.


Quisera ser um pássaro, pousado na ponta de um galho altaneiro.

Do alto dessa vara, buscar meu ponto de equilíbrio.

Descobrir, nas águas plácidas, o reflexo cristalino de minha figura, sem distorções.

A visão exata de mim.


Quisera ser um pássaro, pousado na ponta de um galho altaneiro.

De peito aberto, receber a brisa fresca de uma manhã de primavera.

Sentir, a cada aragem, a calma presença do amor.

A temperatura exata de mim.


Pousado na ponta de um galho altaneiro, quisera ser um pássaro.

Do arco projetado na imensidão do universo, poder olhar sem limites.

Perceber, desse diminuto ponto no espaço, a dimensão do meu lugar no mundo.

O tamanho exato de mim.


Quisera ser um pássaro, pousado na ponta de um galho altaneiro.

Ali, no silêncio absoluto, nenhum burburinho do mundo ouvir.

Escutar, no outono da vida, o que minha alma tem a dizer.

A voz própria de mim.

2 comentarios

Obtuvo 0 de 5 estrellas.
Aún no hay calificaciones

Agrega una calificación
Invitado
04 dic 2022

A profundidade desse poema nos coloca de joelhos. Bravo Ana Helena Reis! Quanto passos pela vida para chegar a essa curiosidade de criança em busca de respostas trascendentais. Quanto talento e sensibilidade salpicando cada palavra. GP

Me gusta
Ana Helena Reis
Ana Helena Reis
18 dic 2022
Contestando a

Obrigada querido amigo pelas palavras sempre generosas

Me gusta
Publicações

©2021 por Pincel de Crônicas

bottom of page