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Meu nome é Gal

  • Foto do escritor: Ana Helena Reis
    Ana Helena Reis
  • 22 de jul. de 2023
  • 2 min de leitura

Não sou do tipo que gosta de futricar a vida alheia, e não me interesso pela vida pessoal de celebridades. Alvo de todo tipo de fofocas, conjecturas e preconceitos, os famosos têm, muitas vezes, sua vida devassada e apresentada ao público sem o menor pudor ou respeito.


Devo confessar, porém, que a reportagem da revista Piauí sobre a relação de Gal Costa com sua produtora me chamou a atenção e eu li. E nem adianta eu dizer que li porque caiu no meu colo, pois poderia ter pulado essa parte da revista e me concentrado nos outros artigos – tive, mesmo, curiosidade para saber o que estava por trás do mistério que envolveu a morte da cantora. Até então, nunca tinha me preocupado em saber a respeito de sua vida pessoal, suas preferências amorosas, nada disso – sempre admirei a cantora, suas músicas fazem parte do repertório que escuto quase diariamente, e isso para mim sempre bastou.


Com a morte dela, começaram a pipocar notícias e comentários aqui e ali sobre a causa mortis não revelada. O novelo de conjecturas foi se desenrolando até gerar essa reportagem de Thallys Braga com não menos do que oito páginas, intitulada "A Viúva". O foco central da matéria é justamente uma investigação sobre a astúcia de sua empresária, Wilma Petrillo, que de namorada se tornou a pessoa que comandava toda a vida da cantora, tanto profissional como social, amorosa e financeira.


Pelo relato da jornalista, Petrillo é o que se pode chamar de estelionatária amorosa. Sim, estelionatária que, com muito carisma e sem nenhum escrúpulo, conseguiu dar sucessivos calotes em homens e mulheres com quem se relacionou afetivamente, deixando-os sem um único tostão. Seu último alvo foi Gal, com quem viveu por aproximadamente trinta anos.


A matéria desfia a vida pregressa da produtora e, com riqueza de detalhes e depoimentos, mostra como ela conseguiu isolar a cantora da família, amigos, empresários, de forma a poder manipular sua carreira e se apropriar de seu dinheiro.


Esse caso me intrigou pela fragilidade que o amor imprime às pessoas. Seu efeito inebriante torna o enamorado completamente cego a tudo o que não seja a gratificação que esse amor lhe proporciona. A possibilidade de perda desse aconchego é tão apavorante que a pessoa apaixonada começa a criar desculpas para o mundo e, mais do que tudo, para si mesma, quando faíscam em sua mente os pequenos avisos de que está sendo manipulada. Com o tempo, vai se tornando totalmente incapaz de tomar uma atitude, de se rebelar e assumir as rédeas de sua própria vida.


A doçura e delicadeza da voz de Gal sempre me passaram a impressão de uma alma límpida, cheia de luz e paz. Talvez, por isso mesmo, tenha se tornado uma presa fácil para o estelionato amoroso.


Essa reportagem me causou uma tristeza profunda. Sinceramente, preferia não ter lido...

2 Comments

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Guest
Jul 24, 2023

Sim. Triste. O consolo é que essas ignominias não mancharão a lembrança dessa fantástica artista. GP

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luciliarchaves
Jul 24, 2023

Triste mesmo… eu também gostava muito da Gal

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