Cuidado: Mosca na sopa!
- 16 de ago.
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Em 1974 Raul Seixas lançou a música “Eu sou a mosca que pousou na sua sopa”, marco de um período sombrio da ditadura no Brasil. Essa metáfora é genial, e tem sido aplicada a diferentes situações, nem sempre políticas.
Quem não se lembra de moscas que pousaram em sua sopa para estragar a alegria, ou que estão sempre zumbindo no seu ouvido de forma desagradável? Pois é, eu aqui consegui identificar diferentes tipos de “mosca na sopa”.
Um primeiro tipo é a mosca Desmancha-Prazeres. A inocente criatura vem contar que arranjou um novo emprego, depois de um bom tempo procurando, e está entusiasmada porque é numa boa posição e com ótimo salário.
A Mosca:
— Olha, fico feliz com a sua conquista, mas pensou bem antes de aceitar? Veja só: a empresa é longe, portanto vai ter que pegar três conduções. E o pior: Pelo horário que terá que entrar no trabalho, os ônibus estarão superlotados!
— Não quero te assustar, mas o entorno é muito perigoso, se tiver que ficar até mais tarde trabalhando pode ser assaltada. E vai em frente no rol de desgraças, sempre com uma postura de quem está prestando um favor. Sem dúvida, uma mosca com alma de vespa, pica só para irritar.
Outro tipo bastante comum é a Mosca Inconveniente. (o que, convenhamos, já é quase um pleonasmo).
Reunião de família, todos à mesa, conversando sobre assuntos gerais, leves, próprios para um momento em que ninguém quer levantar temas polêmicos ou constranger alguém. A dona da casa preparou opções de cardápio, pois a sobrinha está levando o novo namorado que é vegano, e todos já estão cientes do fato.
Eis que surge a Mosca:
— Pois é, li recentemente em um artigo que veganos e vegetarianos têm maiores riscos de deficiência de ferro, e isso pode causar não só anemia como a diminuição da resistência às infecções por bactérias e vírus, como é o caso do Coronavírus. Pronto: a sopa azedou.
Tem também aquela Mosca do Contra. Do tipo “Hay gobierno soy contra”. É aquele perfil de pessoa que não importa qual a sua colocação – ela vai sempre se posicionar ao contrário. Se o programa é, por exemplo, ir jantar em um restaurante italiano.
A Mosca:
— Ah não... italiano nem pensar. Por que não vamos a um japonês? Voto vencido, vai emburrada e dá um jeito de dizer que a comida estava péssima, implicar com o garçom e assim por diante. Se no dia seguinte, para agradá-la, o grupo propõe o japonês, ela então quer ir a um fast food. Se num passeio todos querem seguir pela trilha, ela diz que só participa se for caminhando pela estrada. Cuidado com essa, pois voa sempre na contramão!
E tem a Mosca Negacionista...
Se Raul fez da mosca na sopa uma bandeira contra a ditadura, eu faço dela um alerta para esses tipos que vivem zumbindo por aí, em ouvidos pouco dispostos à democracia.
E você, qual mosca já pousou na sua sopa?
BRAVO VOU LER ESSA CRÔNICA NA MAGIA DA LEITURA.
Estava comentando no mosca na sopa, vamos ver se vai aparecer/ contar como comentário