Andei pensando sobre a relatividade desses dois conceitos – grande e pequeno. Assim como tudo na vida, eles dependem de uma interpretação, que é sempre singular e mutável em função das experiências vividas, da maturidade emocional que adquirimos, do nosso olhar para o mundo exterior e interior que habitamos.
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Ele fazia questão de enrolar as grandes meias em pequenas bolinhas para guardar na grande gaveta do pequeno armário. Formava uma fileira organizada - das bolinhas feitas com as grandes meias para os globos feitos com as pequenas meias. As meias usadas eram enroladas novamente e colocadas em pequenas cestas na grande lavanderia da pequena casa.
Esperava recebê-las de volta limpas, já enroladas novamente e colocadas nos pequenos espaços deixados por cada uma delas na grande gaveta. Pequena tarefa que atribuía à grande dona-de-casa com quem considerava ter se casado. Pequenas argumentações da esposa a respeito do grande inconveniente causado pela tarefa eram ignorados.
A pequena esposa, munida de grande paciência, encarava a grande pilha de bolinhas de meia para lavar com um pequeno mau humor. Desenrolava as pequenas bolinhas uma a uma para lavar no grande tanque, e se sentava no pequeno banquinho da cozinha a matutar – afinal, o que é uma pequena mania de enrolar as meias, perto do grande marido com quem me casei?
Aos poucos, o grande marido foi se tornando um pequeno maníaco e a pequena esposa foi abrindo os grandes olhos.
O pequeno casamento foi durando um grande tempo, e a pequena tarefa de desenrolar e enrolar bolinhas de meia foi se tornando uma grande tortura para a esposa, perto do pequeno prazer da vida em comum. A pequena discussão a respeito das bolinhas de meia foi se tornando um grande embate.
Até que ela, parada em frente à pilha de bolinhas de meias sujas matutou - afinal, até quando esse pequeno marido vai me infernizar com a grande exigência de meias enroladas?
A grande esposa desenrolou as meias e enrolou o pequeno casamento.