Sabe aquela capacidade de lidar com situações repentinas de forma espontânea, inteligente, assertiva? Decididamente, não nasci com esse dom. Normalmente paraliso, fico com uma cara de paisagem, e não consigo responder nada, só dou um sorriso sem graça. Uma meia hora depois me vem à cabeça respostas mirabolantes que poderia ter dado, comentários fantásticos que poderia ter feito, mas...o timing para externá-los passou. E fico furiosa comigo mesma!
Por isso mesmo, presença de espírito é um traço de personalidade que admiro. Fico encantada com a pronta resposta, cheia de criatividade e humor, que algumas pessoas têm. Só para ilustrar, dois casos me vieram à lembrança.
Um político das antigas era famoso por saber se sair de situações difíceis e, mais do que isso, por ter uma memória formidável (além de assessores que sopravam no ouvido quem era quem, nos encontros políticos). Pois bem; num determinado evento veio ao seu encontro uma pessoa que sua assessoria logo identificou e segredou: filho de fulano de tal. Ele nem titubeou:
— Que prazer em vê-lo, como vai seu pai, o nobre...?
— Meu pai, deputado? Ele faleceu há 5 anos!
Sem perder a compostura, nosso personagem retrucou:
— Morreu para você, filho ingrato! Para mim ele continua vivo na memória.
Genial, não?
Um outro exemplo que me encanta é de uma conhecida que recebeu um daqueles telefonemas de um golpista, simulando o sequestro da filha e pedindo dinheiro para o resgate. Ela, na maior calma, saiu-se com essa:
— Irmão, eu não tenho dinheiro e nem tenho filha! Sou uma irmã de caridade, minha missão é pregar a palavra de Deus. Largue essa vida, venha para o lado do bem, vamos orar juntos!
Só ouviu um bip bip do telefone desligando...
Aí me pergunto: o que diferencia essas pessoas que conseguem a proeza da palavra certa na hora certa?
Fui procurar alguma justificativa consultando os “universitários”.
A educadora e especialista em neuropsicologia Katia Chedid afirma que o cérebro humano tem a capacidade de criar inúmeras possibilidades para resolver um problema. Isso acontece principalmente porque existe um espaço entre o estímulo inicial e a nossa ação de resposta.
É nesse espaço entre estímulo e ação que o cérebro de algumas pessoas se esforça para encontrar soluções diferentes, num processo imaginativo em que nem sempre as respostas virão do que é óbvio.
Guilford, por sua vez, em sua Teoria do Intelecto fala sobre uma multiplicidade de inteligências do cérebro humano e sugere dois tipos de pensamentos, o convergente e o divergente.
O pensamento convergente é o prático, que busca uma resposta lógica e concreta para qualquer pergunta. Já o divergente pode ser resumido como pensar “fora da caixa”. Longe de buscar respostas concretas, esse pensamento explora possibilidades inovadoras de solução.
O que diferencia, portanto, as pessoas com presença de espírito é sua capacidade de pensamento divergente. É a escolha do caminho criativo que busca surpreender pelo inesperado e o burlesco, ao invés de se conter dentro dos limites da racionalidade.
Palmas para elas, pois, como diria Albert Einstein, “Criatividade é a inteligência se divertindo”.
Sempre quis ser essa pessoa das respostas rápidas e espirituosas. A maior parte da minha vida sofri com isso, o insight vinha depois… ultimamente tenho conseguido umas respostas mais ao estilo pensamento divergente e confesso que me divirto com isso!!!
Demorei em encontrar as palavras certas para comentar o precioso texto pelas razões já apontadas pela autora. Agora já posso expressar: gostei...gostei...gostei.. GP
Olá Ana Helena, tudo bem? Saudades. Sou totalmente e bitoladamrntr convergente 😂😂 (sem mencionar nas respostas equivocadas q em gesto reativo dou🥲)
abraço grande🧡