Falar sobre a vida alheia é uma prática bastante antiga, do tempo das cavernas. Naquela época, como não havia a escrita, as informações sobre a vida dos outros eram passadas oralmente e a fofoca passou a fazer parte não só da vida social, mas também da parte política.
Mas qual a origem e o significado dessa palavra?
Uma consulta etimológica indicou que ela é de origem africana, de uma das línguas do grupo banto, e que o étimo da palavra é discutível: “alguns etimologistas admitem ser do quimbundo fuka - revolver; outros, do bundo fwafoca - invólucro vazio”
Fofoca, em português, é um substantivo feminino que significa bisbilhotice, mexerico. Consiste no ato de descobrir uma informação sobre alguém e posteriormente contar essa informação a uma ou várias pessoas. Em muitas ocasiões, o segredo partilhado pode nem ser verdade, mas é divulgado de igual forma.
Um fofoqueiro gosta de achar que é uma fonte importante de conhecimento, falando muitas vezes das falhas e momentos vergonhosos de outras pessoas, sem a autorização das pessoas em questão. Também é considerada fofoca quando uma pessoa não tem intenção de prejudicar outra, mas fala dela sem o seu consentimento.
Curiosamente, o consagradíssimo termo fofoca – com seus derivados fofocar e fofoqueiro, embora associado a um hábito feminino, foi estatisticamente provado por pela Social Issues Research Centre, um centro de pesquisas de Londres, que é mais presente entre os homens!
A pesquisa entrevistou 1.000 donos de telefones celulares com o intuito de saber qual era o teor das conversas. Destes, 33% dos homens eram fofoqueiros habituais, contra apenas 26% das mulheres.
Curiosamente, muitos de seus participantes do sexo masculino inicialmente alegaram que não fofocavam, enquanto quase a totalidade das mulheres prontamente admitiram fofocar. Em outro momento da enquete, no entanto, a diferença pareceu ser mais uma questão de semântica do que material: o que as mulheres estavam felizes de chamar de "fofocas", os homens definiam como "troca de informações". Um participante do sexo masculino, de forma mais honesta, confidenciou: "Nós não gostamos de chamar de fofoca, porque soa trivial - como se você não tivesse nada melhor para fazer."
Aí está o ponto – fazer fofoca é mesmo não ter nada melhor para fazer ou para conversar.
Essa falta de assunto que acaba gerando uma compulsividade a falar da vida alheia se alastrou pelos meios de comunicação e pela internet, produzindo não só os paparazzi como uma enxurrada de influenciadores digitais e televisivos. Pelo número de ouvintes ou seguidores, que muitas vezes passa da casa do milhar ou até milhão, percebe-se uma curiosidade até certo ponto mórbida pela vida alheia.
Para algumas pseudocelebridades, ter sua intimidade exposta, mesmo que, muitas vezes, de forma pejorativa ou cruel, pode representar uma maneira de não caírem no esquecimento, o famoso “falem mal, mas falem de mim”.
Acredito, porém, que esse não seja o caso das pessoas comuns. Ter a vida, a intimidade, os segredos escancarados pelas Bocas de Matilde traz algum benefício para a pessoa alvo da fofoca? Claramente, não.
E, finalizando o tripé, para quem faz a fofoca qual a satisfação que traz falar da vida dos outros?
Bem... não escrevi esse texto para dar lição de moral nos leitores que eventualmente se identifiquem com algum desses papéis, e sim para me penitenciar pelas vezes em que, sem parar para pensar um pouco mais, soltei uma informação que não era me pertencia, ou fiz um comentário da vida alheia que não devia.
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