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Eu moro em mim mesma

Arrumando a mala para viajar no final do ano, separei as roupas que iria usar. Enquanto pensava na mala, e como selecionar o básico, essencial para esse momento, passei a refletir sobre o que quero levar de mim para os próximos anos, e o que pretendo deixar ou fui deixando pelo caminho.


Da mesma forma que o tamanho das minhas malas de viagem diminuiu sem que isso significasse andar malvestida, o local que passei a habitar também implicou em um exercício de desapego, sem deixar de ter a minha cara.  Se desfazer de roupas, móveis, objetos, livros, louças e tapetes para se adequar a um novo espaço foi indolor. Descobri, nessa escolha do que ia comigo, aquilo que me aconchega e me revela, seja onde eu estiver.  


Percebi, então, que o conceito de menos é mais vale também para outros tipos de desacumulação além das coisas materiais.

Obrigações que não fazem a menor diferença se não existirem, rotinas desnecessárias que engessam o dia a dia, horários rígidos para tarefas que podem ser feitas a qualquer hora são alguns exemplos do que também entrou na minha cesta do descarte, tornando a vida mais leve e prazerosa.


Da mesma forma, o menos é mais valeu para os relacionamentos e amizades. Fui em busca da medida exata entre o dar e receber, que tornam uma convivência interessante, agregadora, amorosa. Uma medida estreita, baseada no equilíbrio da troca, que pode ser de qualquer natureza, desde que fale ao coração. Essa tessitura com que fui peneirando os que me rodeiam fez com que poucos restassem para compor o leque das minhas pessoas queridas, mas os que permaneceram são aqueles que com quem quero estar daqui para frente.


Tudo isso me permitiu aguçar o olhar interior, a consciência de quem sou, fui, e quero ser em 2024.

 

Parafraseando Mario Quintana...Eu, agora, moro em mim mesma. Não faz mal que o quarto seja pequeno. É bom, assim tenho menos espaço para perder as minhas coisas.

 

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