Fragilidade, vulnerabilidade e perecibilidade são condições que caracterizam a vida humana. Elas se consubstanciam em diferentes comportamentos em que fraquezas como o egoísmo, a covardia, ou a vaidade estão presentes.
O egoísmo é, muitas vezes, difícil identificar em nós mesmos. Mas ele está presente até em situações banais do cotidiano, como se servir da última porção do aperitivo durante um Happy Hour. Nesse caso, o mais comum seria dizer que essa pessoa não tem educação, mas sua fraqueza vai um pouco mais além, pois demonstra que só pensou em seu próprio prazer.
Da mesma forma, a covardia tem demonstrações que nem sempre são rotuladas como tal. Ignorar uma pessoa em situação de rua, virando o rosto para não ter que encarar seu sofrimento é, por exemplo, uma atitude claramente pusilânime. É não ter, no mínimo, coragem para encarar a própria culpa por não se engajar em ações pessoais, sociais ou políticas que enfrentem o problema em sua raiz.
E a vaidade então? A escorregadela para o narcisismo, manifestação clara de vaidade, é difícil de admitir, mas está lá, pulsando a toda hora. É se envaidecer pelo número de curtidas nas redes sociais, o exagero na postagem de selfies e, até mesmo, o cultivo de uma claque de admiradores tanto virtuais como reais.
Fragilidades humanas como essas são comuns, mas tive oportunidade de estar frente a um caso bastante inusitado de fragilidade que, inspirou esse texto. Procurando, em um site especializado, pela origem de um determinado ramo familiar, me deparei com um testamento deixado por um Monsenhor, em mil oitocentos e sessenta e três, que me deixou pasma!
Eu o Monsenhor [...] estando em meu perfeito juízo e em estado de boa saúde, porem temendo a morte em hora incerta, resolvi fazer este meu testamento e disposições de ultima vontade na forma que abaixo se declara. = Declaro que sou natural desta Cidade, filho legitimo de [...] e do Capitão mor [...], ambos fallescidos. Sou Catholico e Appostolico Romano em cuja religião fui educado e quero continuar a viver e morrer.
Declaro que, por fragilidade humana, tenho sete filhos (7) já reconhecidos e legitimados por carta imperial.
E o Monsenhor passa a enumerar, orgulhosamente, toda a descendência com quem partilhou seus bens. Sem entrar em julgamento de valor, o que me chamou a atenção nessa hilária confissão de luxúria por parte de um sacerdote, é que não contente em classificá-la como fragilidade humana, a repetiu por sete vezes e fez constar publicamente. Só me resta evocar o Salmo 36 da Bíblia Sagrada: Se devo orgulhar-me, que seja nas coisas que mostram a minha fraqueza.
Um tio do papai que morou muitos anos na fazenda comentava com muita naturalidade sobre as pessoas que “eram filhos(as) do padre!!!! coisas que na vida da cidade grande nunca ouvia falar.