Dobras de papel de arroz. Arte que já habitou diferentes espaços, diferentes momentos no meu tempo. O envelhecimento se encarregou de produzir transformações nessa sequência de costuras, esgarçando sua unidade.
Símbolos de uma vida, as reentrâncias e saliências das fileiras de papel se criaram, como o arroz, ora na aridez da solidão, ora no alagado da paixão. Em tropeços, a vida seguiu seu rumo, procurando um caminho por entre os sulcos dessa dobradura.
Em cada rasgo, uma mudança de rumo a enfrentar. A quebra da unidade gerando rupturas que, devagarinho, se instalaram nas marcas da pele como um carbono.
Os alinhavos cumpriram a missão de elo entre os fragmentos, para que as dobras mantivessem a identidade e o sentido de sua origem.
Como uma espinha dorsal que não se verga e não se rompe, os alinhavos contornaram as rupturas do papel para que eu pudesse seguir em frente, num tracejado tortuoso rumo às últimas camadas da dobradura.
Comentários