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Nunca saia da fila!

  • 24 de set. de 2022
  • 3 min de leitura

Atualizado: 26 de fev. de 2024

O dia vai ser corrido, pensei. Depois de sair do escritório tenho que fazer aquela mega compra de mercado, porque não temos mais nada em casa. Só de pensar já me dá preguiça... supermercado grande, aquele perrengue. Para piorar, está chovendo e o estacionamento coberto vai estar lotado. Mas...vamos lá, coragem!


Não deu outra: tive que parar no estacionamento externo e tinha esquecido o guarda-chuva. Como resultado, sai correndo e pisei em todas as poças d’água; peguei um carrinho molhado, e só conseguiu encontrar disponível um daqueles pequenos o que significava ter que montar pelo menos dois para o volume de compras que iria fazer. Não bastasse, logo ao entrar vi uma multidão se acotovelando e filas intermináveis nos caixas.


Resignada, comecei a romaria. Abri a bolsa para pegar a listinha que tinha feito, não estava lá. Tudo bem, pensei, já sei de cabeça o que preciso comprar e conheço bem a disposição dos produtos nesse supermercado. Iniciei, então, o percurso pelas gôndolas onde, na minha inocência, achava que estariam os produtos, como sempre estiveram.


Surpresa! Tive a impressão de que havia passado um tufão e desorganizado completamente o layout do estabelecimento. Para achar um simples pacote de guardanapos, que antes estava junto com o papel higiênico, logo na primeira gôndola do lado esquerdo, tive que percorrer as vinte gôndolas à sua procura. Ele devia ter se cansado da companhia, pois havia mudado para perto da ração e brinquedinhos para pets, que ficavam no último corredor.


Rodopiando por entre a multidão, num entra e sai pelos corredores tentando entender a nova lógica de colocação dos produtos, lotei meu pequeno carrinho; tive que guardar esse e buscar mais um para terminar as compras.


Pelo menos isso se mantivera como antes – um lugar para guardar os carrinhos que já estavam cheios. O segundo lote de compras foi um pouco mais difícil de conseguir, pois sabia que já havia percorrido todos os corredores e nem sombra desses últimos itens. Os pés cansados, a paciência já bem pela metade, mas, perseverante, fiz toda a peregrinação novamente.


Apesar de ter esquecido a lista, o que já nem a afetava mais pois fazia parte das minhas costumeiras distrações, dei por terminado o serviço e me coloquei na fila do caixa. A que estava com menos fila era uma das últimas.


Passado esse primeiro lote, disse à simpática menina do caixa que iria buscar o outro carrinho que estava guardado, e lá me fui, abrindo espaço pela multidão que formava fila nos outros caixas.

Vinha de volta com o carrinho, já exausta, as filas aumentando cada vez mais, quando me deparei com um caixa vazio. Dei um suspiro de alívio e pensei – ainda bem que já tinha começado a passar minhas compras.


Rapidamente terminei essa operação e o rapaz do caixa fechou a conta. Nesse momento, minha primeira reação foi de alegria: Nossa, ficou bem mais barato do que tinha imaginado, que ótimo! Mas, um pequeno engasgo na garganta prenunciava que algo errado estava acontecendo. Olhei para os produtos que estavam sendo embalados e estranhei: Onde estão os ovos? Tenho certeza de que comprei...


Nesse exato momento, divisei, ao final do corredor, uma moça que, de boca aberta, me fazia sinais – estavam lá as primeiras compras e ela esperando eu voltar com o segundo lote...

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Unknown member
26. Okt. 2022

Como escriba - por profissão e por muitos anos - fico impressionado, maravilhado, admirado pela elegância, fluidez e domínio do tempo de Ana Helena Reis, que consegue que seus os contos nos façam voar, sonhar e sorrir como crianças, reinventadas pelo seu talento.

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